%> PAYASSU - O Verbo do Pai Grande

PAYASSU - O Verbo do Pai Grande

Parece-vos bem isto, peixes? Os maiores comeis os pequenos.
Padre António Vieira in Sermão de Sto António

Celebrou-se, no ano de 2008, o quarto centenário do nascimento de um dos maiores cultores da língua portuguesa, o Padre António Vieira. A Companhia de Teatro Lafontana – Formas Animadas de Vila do Conde assinalou a efeméride levando à cena Payassu - O Verbo do Pai Grande, uma adaptação do Sermão de Santo António aos Peixes. 

A propósito deste título, repleto de exotismo, cumpre-nos tecer algumas considerações visando a sua melhor compreensão: Payassu significa Pai Grande, na língua dos Índios brasileiros que tratavam assim, carinhosamente, o padre que defendeu a sua alforria. A palavra Verbo é semanticamente riquíssima, e todo o seu leque de aceções “cola” perfeitamente ao Padre Vieira, escritor e pregador. Verbo, do latim verbum (palavra), significa palavra ou sucessão de palavras, discurso e, mais modernamente, tom de voz. Verbo exprimia, já no latim, uma ação, um estado, um futuro, apresentando um sistema complexo de formas. 

Na teologia cristã, Verbo é o próprio Deus na segunda pessoa da Trindade (o Filho), que vem comunicar com os homens - é a palavra de Deus dirigida aos homens. Vieira evoca Cristo, no seu sermão e outro comunicador que tanto elogia a quem chama grande português: Santo António.

Púlpito e palco são sinónimos no que toca à sua função de comunicar com o público. No palco, porém, o comediante não pretende dar lições ao ouvinte, mas tão-somente desvendar e transmitir o maravilhoso texto que é, neste caso, o Sermão de Santo António. O sermão encerra, por definição, um mistério, a desempenhar, como dizia Vieira (Leia-se: a desvendar)! O teatro também. 

Vieira é, na literatura portuguesa, o grande mestre da semântica, da sinonímia, da metáfora, da ironia. Deste modo, ele adorna a sua retórica e consegue um desempenho nunca antes, nem depois, igualado. Fernando Pessoa refere a fria perfeição de engenharia sintáctica dos textos de Vieira, e diz que ele é o imperador da língua portuguesa. O Sermão de Santo António aos Peixes glosa, como era de regra na oratória sacra, o conceito predicável, retirado da Bíblia: Vos estis sal terrae (Vós sois o sal da terra). A partir dele, Vieira começa por abordar o tema das heresias que distraem o salgador (o pregador, o missionário) da sua verdadeira missão que é a de salgar a terra. O sal impede a corrupção; os pregadores são, como diz a Bíblia, o sal da terra e têm por dever salgá-la. 

José Coutinhas
Dramaturgo


A LFA adaptou um dos mais famosos textos da oratória sagrada portuguesa, o Sermão de Santo António aos Peixes, do Padre António Vieira, o Imperador da língua portuguesa, no dizer de Pessoa.
O espetáculo teve a sua estreia em 2009, na igreja do Convento de Santa Clara, em Vila do Conde
 e contou com o patrocínio do então Ministério da Cultura (DGartes) e da Câmara Municipal de Vila do Conde, para além do apoio do Departamento de Bens Culturais da Igreja, da Apple Portugal, Epson e outras empresas.
Com este trabalho, procuramos celebrar o quarto centenário do nascimento do maior e mais surpreendente escritor barroco português, o Padre António Vieira: viajante incansável, campeão inigualável do verbo, personagem apaixonante pela sua tenacidade, simultaneamente sublime e ambíguo, amante inveterado da pátria que tão mal afinal lhe pagaria, como ele aliás deixou escrito.
No intuito de contribuir para a divulgação e o ensino da língua e literatura portuguesas, preparamos uma nova versão do espetáculo, mais ligeira e transportável, especialmente pensada para apresentação no espaço das escolas, capelas e outros espaços alternativos.
Esta atividade envolve dois diferentes momentos:
- apresentação da versão teatral do Sermão de Santo António aos Peixes, baseada no espetáculo desenvolvido pelo TFA em 2009;
- um debate com os espectadores, numa oportunidade para dialogar sobre a peça, o Padre Vieira e aprender com o alucinado exemplo da sua vida e com a belíssima alegoria rendilhada da sua obra. 
No seu conjunto, esta ação contribuirá certamente para que os alunos entendam melhor a ação religiosa, política e social deste nosso grande escritor-pregador seiscentista que, já nessa altura, denunciava os vícios dos seus contemporâneos, defendia a alforria dos índios brasileiros que o tratavam de Payassu (o Pai Grande), e fazia a apologia de conceitos modernos, pragmáticos, saídos da Europa renascentista, como solução para tirar Portugal do atraso endémico em que se encontrava.

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Encenação Marcelo Lafontana 

Dramaturgia José Coutinhas

Consultoria Prof. Dr. Pe. João Marques

Direção musical Eduardo Patriarca 

Direção técnica Pedro Cardos 

Fotografia JPedro Martins

Sistema e conteúdos multimédia Luís Grifu

Figurino Sílvia Fagundes

Produção Fátima Pereira

 

Apoios

Câmara Municipal de Vila do Conde

DGartes – Direcção Geral das Artes Ministério da Cultura

Parceiros do projeto

Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde

Diocese do Porto – Departamento dos bens culturais da Igreja

IPP- Instituto Politécnico do Porto

ESMAE – Escola Superior de Musica e Artes e Espectáculo

Prefeitura de Olinda - Brasil

Comune de Villa del Conte - Itália

Patrocínios

Epson Portugal

Apple – Interlog

Dagol Acrílicos

 

 

Dur. aprox. 1:00 

M/12

 

CONDIÇÕES DE APRESENTAÇÃO
Espaço reservado e silencioso, com cadeiras para o público

Alimentação eléctrica 220V

Duração da ação:
Entre 1h a 2h (com ou sem debate) 2 horas

Tempo de montagem: 2 horas


Tempo de desmontagem e carga: 1 hora