A COMPANHIA  

A LFA, Lafontana - Formas Animadas é uma companhia de teatro vilacondense que se dedica à criação e apresentação de espetáculos com formas animadas (marionetas, máscaras, teatro de sombras, etc.), realizando também ações de formação e investigação dentro desta área. 

Esta estrutura artística conta com a parceria e o apoio da Câmara Municipal de Vila do Conde. Atualmente, beneficia ainda do apoio da DGartes - Secretaria de Estado da Cultura, Governo de Portugal.

O principal fator de diferenciação e identidade do projeto artístico da Lafontana reside no reconhecimento e exploração das técnicas tradicionais do Teatro de Formas Animadas, no estudo e compreensão da sua natureza essencial e na procura dos caminhos para a sua evolução, nos aspetos técnico, estético e dramatúrgico.

Tecnicamente, as criações da companhia procuram aliar aos princípios ancestrais da Arte da Marioneta elementos contemporâneos, recursos tecnológicos e materiais atuais, contribuindo para aumentar a eficácia dos sistemas originais. Trata-se, concretamente, de um "upgrade" performativo de métodos já há muito implementados. Com esta aposta, a Lafontana concilia os módulos da tradição com a experimentação de soluções inovadoras, adaptadas à evolução dos tempos, à singularidade dos espaços, à especificidade dos públicos e à oportunidade dos meios disponíveis.

Para trilhar o caminho da investigação e inovação, a companhia estabeleceu um cruzamento disciplinar, uma ponte enriquecedora entre arte e ciência, presente na criação e na apresentação da obra teatral. Para a construção dos elementos cénicos, foi possível experimentar e implementar novos sistemas para o trabalho realizado na oficina, com a integração de materiais, equipamentos e procedimentos inovadores. Estes sistemas, como o desenvolvimento de projetos em CAD (Computer Aided Design), o corte CNC, a impressão 3D e a termoformagem de plásticos, representam preciosas ferramentas para a elaboração das marionetas, cenários e adereços. Na apresentação ao público, os conteúdos multimédia, associados ao computador e ao sistema de monitorização de imagem, som e luz em tempo real, possibilitam a interação de recursos teatrais e digitais, numa adequada gestão dos tempos e ações nos espetáculos.

Corroborando esta opção multidisciplinar estão as parcerias estabelecidas com o ensino superior, museus, centros de investigação e formação profissional. Arte e tecnologia, sendo conceitos indissociáveis, não devem ser antagónicos. Os espetáculos criados, as ações de formação, investigação ou publicações, pautam-se por uma atitude aberta e dinâmica em relação às técnicas tradicionais do teatro de marionetas, aceitando trilhar os caminhos que viabilizam a sua evolução.

A tradição alimenta a modernidade no trabalho da Lafontana, tanto quanto as propostas de inovação podem influenciar a tradição. O resultado deste conceito reflete-se em criações performativas contemporâneas, vivas e atuais, permeáveis ao mundo que as rodeia e para o qual projetam as impressões recebidas deste mesmo universo. Esta preocupação com a inovação está também presente nas questões poéticas e estéticas que cada espetáculo levanta. A pesquisa realizada para cada criação, com o reconhecimento de uma determinada forma tradicional do teatro de marionetas, sugere quais são os elementos essenciais para a adequada fruição da comunicação cénica. Esta pesquisa procura integrar as necessidades do discurso dramatúrgico nas opções da linguagem visual: linha, forma, movimento, cor, luz e sombra, etc. Em todos os espetáculos, estes elementos são definidos e isolados, tornando depois possível realizar estudos que permitirão propor novas soluções na linha estética do trabalho teatral. O resultado final deve transmitir os conceitos e ideias da dramaturgia numa linguagem estética contemporânea, inovando sem qualquer prejuízo funcional.

Ainda no que se refere à inovação dramatúrgica, o projeto da companhia mantém uma estreita relação com a intemporalidade dos temas abordados e as preocupações do seu público-alvo. Assim, os textos dos espetáculos merecem um trabalho de adaptação, tanto no aspeto da linguagem como nas referências originais. O teatro deve ser, na perspetiva da companhia, um instrumento para a ampliação da leitura do mundo atual, estimulando o pensamento crítico sobre a vida em sociedade, dilatando os campos da perceção para além dos hábitos e costumes quotidianos.

ORIGENS

Na origem deste projeto esteve o curso TFA - Teatro de Formas Animadas, a primeira formação profissional para marionetistas realizada em Portugal. O curso funcionou entre 1998 e 2001, criado e organizado pelo ator e marionetista Marcelo Lafontana, com a colaboração da autarquia de Vila do Conde, obtendo creditação oficial de nível IV da parte do Instituto de Emprego e Formação Profissional (Ministério do Trabalho).

Em 2002, a companhia foi reconhecida, pela UNIMA (Union Internationale de la Marionnette), como representante nacional na área da formação profissional.

Presente em diversos festivais e encontros, de carácter nacional e internacional, o curso TFA  recebeu também em 2001 o 1º prémio (Revelação) do júri internacional no Festival Découvertes – Images et Marionnettes – Tournai, Bélgica.

INVESTIGAÇÃO

Uma atividade contínua de investigação na área do teatro de marionetas é desenvolvida pela LFA, no âmbito da criação dos espetáculos, e das acções de formação.

Visando a recuperação de práticas tradicionais do Teatro de Formas Animadas, realizou-se também a evolução destas técnicas, pela via da introdução de materiais alternativos, exploração de novas tecnologias e conteúdos dramatúrgicos.

Para estas ações, já estabelecemos relações académicas com a Universidade de Évora, a ESAP - Escola Superior Artística do Porto, o Instituto Politécnico do Porto e a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.

Em 2014, o processo de investigação artístico e tecnológico da companhia foi galardoado com uma Menção Especial do júri do “AVANCA|CINEMA 2014 – Conferência Internacional Cinema – Arte, Tecnologia, Comunicação”.

FORMAÇÃO

Nos últimos anos, a LFA tem investido na formação de várias técnicas de formas animadas, nomeadamente o fantoche, o marote, o teatro de papel, o teatro de sombras e a marioneta de fios.

No universo das formas animadas, a técnica de utilização de fios para manipulação de uma marioneta é um recurso que ocorre em diversas culturas, assumindo manifestações várias e níveis distintos de complexidade. Desde 2005, a LFA juntamente com o CEARTE - Centro de Formação Profissional do Artesanato, tem promovido uma série de ações de formação nesta área, tendo como parceiros as seguintes instituições: Museu da Marioneta (EGEAC); IEFP - Instituto de Emprego e Formação Profissional; ESAP - Escola Superior Artística do Porto; ESMAE - Escola Superior de Música, Artes e Espetáculo, entre outras.